PALAVRAS DE ESPERANÇA
Tarde de chuva e frio
gélido, vindo das entranhas da Serra da Safra, 17 de março de 2002, e eis que
uma família composta por quatro elementos chega, a terras calcorreadas pela
Princesa Peralta, mais propriamente a Castanheira de Pera, ansiosa por fruir
de uma vida saudável no pseudo interior do país.
Talvez sejam poucos aqueles que se lembram
desse dia do calendário, mas o atual Presidente da Comissão Europeia, sim,
Durão Barroso, esse também se lembra. Nesse dia, o PSD ganhou o ato eleitoral e o PSD
voltou a ser governo e lá foi o Guterres para Comissário da ONU, para os
refugiados.
Passaram uns tempos e o
nosso Durão Barroso também deixou o barco das tormentas entregue ao menino
Pedro, não o Pedrinho, mas sim o Pedro Santana Lopes, sol de pouca dura!
Sim, o reinado do
Santana Lopes foi curto, já que chegou o senhor José Sócrates, mais tarde
Senhor Eng.º José Sócrates, que também se foi
(dizem que está a estudar em Paris, cidade luz).
Em março de 2002,
Castanheira de Pera também tinha muita luz e brilho; tinha a Casa da Criança
enquadrada num belo Jardim, que, dizem os Castanheirenses mais velhos, era um
orgulho da terra, o qual recebia muitos visitantes, principalmente nos fins de
semana. “Que saudades desses tempos!”, exclamam os que já viveram muitas
Primaveras, os quais ainda hoje recordam o cheiro e a beleza das flores do Jardim da Casa da Criança.
Para
os distraídos, esquecidos e afins e, principalmente, para aqueles que hoje são
meninos, assim como para os meninos que venham a nascer e que venham a ter
cartão de cidadão (com números que só podem ser lidos com lupa, (made in China),
não podemos apagar da História os grandes homens e mulheres de Castanheira de
Pera, independentemente dos credos religiosos e das convicções políticas.
Castanheira de Pera foi sempre terra fértil
em grandes vultos e o Prof. Doutor Bissaya Barreto foi um deles. Merecia
mais! Talvez a conversão da sua antiga casa no museu Bissaya Barreto, em
Castanheira de Pera - sim, foi aqui que nasceu e viveu parte da sua vida. A
casa existe e, no momento atual, nela dizem que funciona uma Biblioteca
Municipal. (Será mesmo?)
Vamos,
então, mudar aquilo que dizem ser uma biblioteca e transformar o espaço em Casa
Museu Professor Doutor Bissaya Barreto.
Decorreu mais de uma
década. As flores secaram na Casa da Criança, as janelas e portas fecharam-se.
Construiu-se um Jardim Infantil bonito e, logo ao lado, mais betão, uma bela
escola do Primeiro Ciclo - no regime pós 25 de Abril; escola primária no tempo
do Estado Novo.
E CRIANÇAS, num
futuro próximo, para ocupar as salas de aula?
A velhinha escola não
foi demolida, ainda não implodiu! Qual vai ser o seu
destino? Agora está a servir de quartel aos Bombeiros Voluntários de
Castanheira de Pera, enquanto as obras de ampliação/remodelação decorrem no
velhinho quartel dos tempos da “outra senhora” (já fazem lembrar as capelas
imperfeitas do Mosteiro da Batalha!).
Betão… mais betão… e
pessoas? Sim, população!
Um território sem
crianças é como um jardim sem flores. As flores, nesta terra, já murcharam -
não por falta de água, mas por falta de amor.
“Amor” pela terra só de
quatro em quatro anos! Tem sido sempre assim, depois do “abril dos cravos”, só
que os cravos estão cada vez mais murchos, como os que a 4 de julho se sentam
nos bancos, com fatos cinzentos e gravata vermelha, sem ideias para a terra, mas
sempre prontos a escorraçar aqueles que não comungam da farsa “Por Castanheira é que vamos”.
Vamos é plantar
castanheiros!
Porque não uma avenida
ladeada de belos Castanheiros, porque não a criação de um doce com a
marca Castanheira de Pera?
Que belos fatos
cinzentos, que belos vestidos coloridos, com rosas! Sim, senhores, rosas! Não
do milagre da virtuosa rainha, mas, sim, do milagre das migalhas da mesa dos
senhores “mandadores” à força. Quem não está com estes senhores, está contra. E
já lá vão quase quarenta, só faltam uns anitos, para igualar o senhor Oliveira
de Santa Comba Dão. Estes, os de cá e da capital, estão prestes a Tomba Pera.
A tombar já estão as
janelas da apelidada “casa da democracia”; é hora de chamar o carpinteiro, pois
o inverno ainda não findou e arriscam-se a “rapar frio”. Quem vai ganhar com o
negócio vai ser o dono da farmácia, cuja clientela é cada vez menos. Muitos são
os que já vão para a gaveta, até parece que não temos terra para ampliar o
cemitério (principalmente nas Sarzedas).
Com a tradicional
feijoada do 4 de julho, dos últimos anos, não embarcou nenhum, nem a farmácia
esgotou o stock de aceleradores da
digestão. Porque terá sido?
A tradicional feijoada,
assim como a sardinhada, deixaram de ser isco para a caça ao voto, dito
democrático. Que venha o magusto livre!
Para o magusto, é necessário
bom fagulho e castanhas boas, made in
Castanheira de Pera - ou das “terras negras”! Não um magusto virtual, senhoras
professoras, tipo Magalhães em terras virtuais, ou lá para os lados Fervençais;
antes, um real, nas margens da Ribeira de Pera ou no centro nevrálgico da boa
língua.
Vamos plantar
castanheiros para nós e para as gerações vindouras!
Cada vez são menos as
crianças no magusto de S. Martinho, uma vez que a terra não cresce em número de
habitantes; antes pelo contrário, já que os mais jovens não ficam. Deve ser por
lotação esgotada, no autocarro da bondade dos senhores mandadores da terra pós
25 de abril, já que investimentos foi coisa que não fizeram nesta terra. Talvez
longe daqui!?
Porque não crescer em
soutos? Temos o Souto Fundeiro, o Souto Escuro e o Souto do Vale. Porque não a
avenida dos castanheiros para os lados da CERCI? Mãos na terra e não na massa,
já que está na hora de libertar as mãos amarradas; o que é necessário é
trabalho, com dedicação, para que, no futuro, o fruto do trabalho não falte nos
dias festivos e não festivos, como a bela castanha - já que do Bombarral, lá no
extremo do distrito, ou da Bairrada, pode vir o rouge.
Só com trabalho e
dedicação à causa pública esta terra poderá prosperar, como em tempos idos.
Os valores da
honestidade, da bondade, da amizade pura e cristalina, do respeito pelo
próximo, da verdadeira solidariedade, da valorização do trabalho e das
competências têm de suplantar tudo o que é farsa e mentira: só assim esta terra
poderá voltar a ser uma pequena grande terra.
É com estes valores
éticos que me candidato ao cargo de Presidente do Município de Castanheira de
Pera, apostando na disciplina e rigor, num maior controlo dos dinheiros
públicos, num cumprimento escrupuloso da lei, numa criteriosa avaliação dos
custos e dos benefícios, dos recursos disponíveis e dos objetivos, da equidade
entre gerações. Eis o que se impõe como tarefa cívica.
Desde já conto com o
apoio dos Castanheirenses!
António Manuel dos Santos Varanda