16.3.13

PALAVRAS DE ESPERANÇA



PALAVRAS DE ESPERANÇA

Tarde de chuva e frio gélido, vindo das entranhas da Serra da Safra, 17 de março de 2002, e eis que uma família composta por quatro elementos chega, a terras calcorreadas pela Princesa Peralta, mais propriamente a Castanheira de Pera, ansiosa por fruir de uma vida saudável no pseudo interior do país.
Talvez sejam poucos  aqueles que se lembram desse dia do calendário, mas o atual Presidente da Comissão Europeia, sim, Durão Barroso, esse também se lembra. Nesse dia, o PSD ganhou o ato eleitoral e o PSD voltou a ser governo e lá foi o Guterres para Comissário da ONU, para os refugiados.
Passaram uns tempos e o nosso Durão Barroso também deixou o barco das tormentas entregue ao menino Pedro, não o Pedrinho, mas sim o Pedro Santana Lopes, sol de pouca dura!
Sim, o reinado do Santana Lopes foi curto, já que chegou o senhor José Sócrates, mais tarde Senhor Eng.º José Sócrates, que também se foi (dizem que está a estudar em Paris, cidade luz).
Em março de 2002, Castanheira de Pera também tinha muita luz e brilho; tinha a Casa da Criança enquadrada num belo Jardim, que, dizem os Castanheirenses mais velhos, era um orgulho da terra, o qual recebia muitos visitantes, principalmente nos fins de semana. “Que saudades desses tempos!”, exclamam os que já viveram muitas Primaveras, os quais ainda hoje recordam o cheiro e a beleza das flores do Jardim da Casa da Criança.
Para os distraídos, esquecidos e afins e, principalmente, para aqueles que hoje são meninos, assim como para os meninos que venham a nascer e que venham a ter cartão de cidadão (com números que só podem ser lidos com lupa, (made in China), não podemos apagar da História os grandes homens e mulheres de Castanheira de Pera, independentemente dos credos religiosos e das convicções políticas. Castanheira de Pera foi sempre terra fértil  em grandes vultos e o Prof. Doutor Bissaya Barreto foi um deles. Merecia mais! Talvez a conversão da sua antiga casa no museu Bissaya Barreto, em Castanheira de Pera - sim, foi aqui que nasceu e viveu parte da sua vida. A casa existe e, no momento atual, nela dizem que funciona uma Biblioteca Municipal. (Será mesmo?)
Vamos, então, mudar aquilo que dizem ser uma biblioteca e transformar o espaço em Casa Museu Professor Doutor Bissaya Barreto.

Decorreu mais de uma década. As flores secaram na Casa da Criança, as janelas e portas fecharam-se. Construiu-se um Jardim Infantil bonito e, logo ao lado, mais betão, uma bela escola do Primeiro Ciclo - no regime pós 25 de Abril; escola primária no tempo do Estado Novo.
E CRIANÇAS, num futuro próximo, para ocupar as salas de aula?
A velhinha escola não foi demolida, ainda não implodiu! Qual vai ser o seu destino? Agora está a servir de quartel aos Bombeiros Voluntários de Castanheira de Pera, enquanto as obras de ampliação/remodelação decorrem no velhinho quartel dos tempos da “outra senhora” (já fazem lembrar as capelas imperfeitas do Mosteiro da Batalha!). 
Betão… mais betão… e pessoas?  Sim, população!
Um território sem crianças é como um jardim sem flores. As flores, nesta terra, já murcharam - não por falta de água, mas por falta de amor.
“Amor” pela terra só de quatro em quatro anos! Tem sido sempre assim, depois do “abril dos cravos”, só que os cravos estão cada vez mais murchos, como os que a 4 de julho se sentam nos bancos, com fatos cinzentos e gravata vermelha, sem ideias para a terra, mas sempre prontos a escorraçar aqueles que não comungam da farsa “Por Castanheira é que vamos”.
Vamos é plantar castanheiros!
Porque não uma avenida ladeada de belos Castanheiros, porque não a criação de um doce com a marca Castanheira de Pera?

Que belos fatos cinzentos, que belos vestidos coloridos, com rosas! Sim, senhores, rosas! Não do milagre da virtuosa rainha, mas, sim, do milagre das migalhas da mesa dos senhores “mandadores” à força. Quem não está com estes senhores, está contra. E já lá vão quase quarenta, só faltam uns anitos, para igualar o senhor Oliveira de Santa Comba Dão. Estes, os de cá e da capital, estão prestes a Tomba Pera.
A tombar já estão as janelas da apelidada “casa da democracia”; é hora de chamar o carpinteiro, pois o inverno ainda não findou e arriscam-se a “rapar frio”. Quem vai ganhar com o negócio vai ser o dono da farmácia, cuja clientela é cada vez menos. Muitos são os que já vão para a gaveta, até parece que não temos terra para ampliar o cemitério (principalmente nas Sarzedas).
Com a tradicional feijoada do 4 de julho, dos últimos anos, não embarcou nenhum, nem a farmácia esgotou o stock de aceleradores da digestão. Porque terá sido?
A tradicional feijoada, assim como a sardinhada, deixaram de ser isco para a caça ao voto, dito democrático. Que venha o magusto livre!
Para o magusto, é necessário bom fagulho e castanhas boas, made in Castanheira de Pera - ou das “terras negras”! Não um magusto virtual, senhoras professoras, tipo Magalhães em terras virtuais, ou lá para os lados Fervençais; antes, um real, nas margens da Ribeira de Pera ou no centro nevrálgico da boa língua.
Vamos plantar castanheiros para nós e para as gerações vindouras!
                                                                        
Cada vez são menos as crianças no magusto de S. Martinho, uma vez que a terra não cresce em número de habitantes; antes pelo contrário, já que os mais jovens não ficam. Deve ser por lotação esgotada, no autocarro da bondade dos senhores mandadores da terra pós 25 de abril, já que investimentos foi coisa que não fizeram nesta terra. Talvez longe daqui!?
Porque não crescer em soutos? Temos o Souto Fundeiro, o Souto Escuro e o Souto do Vale. Porque não a avenida dos castanheiros para os lados da CERCI? Mãos na terra e não na massa, já que está na hora de libertar as mãos amarradas; o que é necessário é trabalho, com dedicação, para que, no futuro, o fruto do trabalho não falte nos dias festivos e não festivos, como a bela castanha - já que do Bombarral, lá no extremo do distrito, ou da Bairrada, pode vir o rouge.
Só com trabalho e dedicação à causa pública esta terra poderá prosperar, como em tempos idos.
Os valores da honestidade, da bondade, da amizade pura e cristalina, do respeito pelo próximo, da verdadeira solidariedade, da valorização do trabalho e das competências têm de suplantar tudo o que é farsa e mentira: só assim esta terra poderá voltar a ser uma pequena grande terra.
É com estes valores éticos que me candidato ao cargo de Presidente do Município de Castanheira de Pera, apostando na disciplina e rigor, num maior controlo dos dinheiros públicos, num cumprimento escrupuloso da lei, numa criteriosa avaliação dos custos e dos benefícios, dos recursos disponíveis e dos objetivos, da equidade entre gerações. Eis o que se impõe como tarefa cívica.
Desde já conto com o apoio dos Castanheirenses!

António Manuel dos Santos Varanda